

Legado
Roberto Burle Marx, paisagista brasileiro nascido em 1909, desenvolveu parques e jardins que tornaram-o mundialmente famoso. Roberto era o quarto filho de Cecilia Burle (cuja família veio de Pernambuco e da França) e de Friederich Marx, um judeu alemão. Um dos maiores artistas do seu tempo, Burle Marx não era arquiteto de formação, tendo cursado a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Foi um dos grandes expoentes do modernismo no Brasil. Inquieto, visionário e único.
Transportou o paisagismo para a lógica das artes plásticas, numa percepção estética singular, através do uso da textura, cor volume, sombras, transformando o espaço. Burle Marx era um artista multifacetado. Arquiteto paisagista, pintor, ceramista ecologista e músico. Roberto também desenvolveu tecidos, jóias, figurinos, objetos, gravuras e cenários. O estilo artístico de Burle Marx era vanguardista e moderno. Ele transformou a paisagem em uma forma de arte e acreditava que um jardim era a organização estruturada de elementos naturais. Muito do seu trabalho tem uma sensação de atemporalidade e perfeição.
Roberto foi um dos primeiros a usar plantas nativas em projetos paisagísticos nos anos 30. Ele reconheceu a diversidade e riqueza da flora brasileira, sua beleza e importância.
Naquela época, os paisagistas brasileiros copiavam o que era feito na França. Burle Marx, não apenas mudou o estilo da paisagem e dos jardins no Brasil, como também criou uma nova linguagem para o design contemporâneo de paisagismo mundial.
Roberto Burle Marx também foi precursor na defesa da preservação do meio ambiente e sustentabilidade, muito antes deste tema ser foco. Ele fez muitas excursões e expedições com botânicos e outros profissionais interessados na questão, para estudar a relação entre diferentes grupos de plantas e conhecer mais sobre a nossa flora tropical. Nesses passeios ele descobriu várias novas espécies e pelo menos 30 plantas descobertas por ele têm seu nome.
Burle Marx foi um pioneiro nos anos 60 na conservação das florestas tropicais brasileiras e na defesa da nossa vegetação, contra o desmatamento.
Importante dizer que ele não era apenas um teórico, fazendo palestras no Brasil e nos EUA sobre o tema, mas sim ativamente engajado com a causa. Durante a construção da rodovia da Transamazônica, por exemplo, Roberto costumava pegar seu caminhão e dirigir até o local para salvar as plantas que seriam devastadas pela construção da nova estrada.
O Sitio Roberto Burle Marx era seu laboratório vivo. Em 1949, Burle Marx adquiriu o “Sítio Santo Antônio da Bica” em Guaratiba, no Rio de Janeiro. Ele adorava ficar lá para estudar e observar as plantas. Algum tempo depois, ele estabeleceu ali sua residência, viveiro e coleção de plantas tropicais. Em 1985, ele doa este espaço para o governo brasileiro, tornando- o um patrimônio nacional.
Agora, denominado Sítio Roberto Burle Marx, sob a direção do IPHAN - Instituto do Patrimônio (que pertence ao governo federal brasileiro), o Sitio possui mais de 3.500 espécies de plantas de diferentes espécies familiares, tais como: araceas, palmeiras, velosiáceas, musáceas, entre outras.

Haruyoshi Ono é a semente do Instituto Burle Marx.
Haruyoshi Ono ingressou no estúdio em 1965, tendo trabalhando com Roberto Burle Marx como parceiro criativo por trinta anos. Durante toda a sua vida, Haruyoshi trabalhou com Roberto com responsabilidade, devoção, respeito e companheirismo. Poderíamos dizer que os dois eram opostos, mas, ao mesmo tempo, complementares. Enquanto Roberto era o artista, extrovertido, comunicador e solar. Haruyoshi era japonês, perfeccionista, criativo e introvertido.
Em todos esses anos de parceria, Haruyoshi foi coautor de famosos projetos paisagísticos, como a praia de Copacabana - estando presente e participando de quase todas as produções de Burle Marx (projetos paisagísticos, esculturas, gravuras, vidros, trabalhos em cerâmica, passeios e excursões).
Haruyoshi tornou-se um amigo querido e o principal parceiro de Burle Marx. Roberto costumava dizer que ele era o filho que ele nunca teve.
Apesar disso, Haruyoshi nunca se chamou discípulo de Burle Marx. Para ele, o mais importante não era se tornar famoso porque ele havia trabalhado com o artista. Mais do que isso, preocupou-se em preservar e continuar seu trabalho de paisagismo, sempre com os mesmos ideais e valores que Roberto acreditava.
Haruyoshi utilizava os conceitos de Burle Marx para divulgar seu legado.
Ele acreditava que os ideais de Roberto têm muito a contribuir para solucionar nossos problemas mundiais e contemporâneos.
Haru sempre reforçou a importância da contribuição de Burle Marx e a urgência de trabalhar na preservação de todo o seu legado paisagístico. Haruyoshi foi o responsável pela organização e manutenção de todos os materiais de projetos paisagísticos que temos hoje. Depois que Roberto faleceu, ele foi a figura mais relevante na preservação do seu legado, contribuindo em todas as importantes exposições e publicações sobre Burle Marx realizadas até hoje.